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A casa


Vales vazios,

a casa surge no horizonte

mas mesmo forçando as vistas

não te vejo lá

Onde você foi?

Entrou na sua nave

decidiu partir

dizia querer conhecer

outros universos paralelos

e deixou cacos

dentro do meu peito

e eles doem.

Eles estão me cortando agora

E não sei o que fazer

para estancar essa sangria.

O que eu fiz?

Tive pressa.

Eu quis morrer,

mas você me matou primeiro.

Eu queria construir meus castelos,

te empossar rei

erguer muralhas

pensando em te proteger.

Era meu ímpeto de rainha,

de te querer príncipe

sem perceber que era astronauta.

Me desculpe por isso.

Na maioria do tempo

eu entro na casa,

me perco dentro dos seus quartos

tentando procurar um espelho.

Quando saio,

a luz ofusca minha vista

os trovões atrapalham

minha tão sofrível audição

e vejo labirintos

ao invés de jardins.

Por que fizemos?

Quando tudo estava silencioso

quando tudo estava apagado

vi uma luz

ouvi um suspiro

então, eu pude ver pela janela

era você.

Chegava na sua nave,

me explicou a vida fora do vale,

sem os labirintos,

me levou para ver os jardins.

E cada rosa, cada jasmim,

cada suspiro ao pé do ouvido,

guardo tudo num vaso d’água.

Me desculpe por isso

Eu tenho pressa.

Eu sinto frio.

Mas cada toque seu

era um calor para mim

e derreteu meu iceberg.

Você deve ir?

Sim, eu creio que sim.

A casa me puxa para si.

Pouse a nave

me jogue no labirinto

Eu deixo você ir.

Mas, me dê mais uma rosa

apenas para ficar como lembrança.

Quem sabe um dia você volta

eu preciso lembrar teu rosto

pois dentro da casa

a única coisa que vejo

são as paredes brancas

e seus vultos.

E assim, enfim,

cairei no redemoinho

do fim do dia

e voltarei lá

quarto a quarto

em busca dos meus espelhos.




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