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A FALTA DE LIBERDADE NA VIDA COTIDIANA!



A exposição PLAYMODE trouxe várias reflexões em meio aos diversos jogos exposto. Mas um em especial me chamou a atenção: EVERY DAY THE SAME DREAM. Não era um jogo divertido e com cores vibrante. Era palito, cinza, depressivo, sem cor. Nos expunha um mundo robotizado, o ideal mundo capitalista, de controle das massas trabalhadoras, do homem fazendo o seu trabalho e se mecanizando.


Como eu sou amante de jogos, fiquei curiosa para saber como se jogava aquele jogo. Na mesa onde estava apoiado o teclado tinha um guia sobre como jogar, acompanhado por uma explicação acerca da rotina de um trabalhador. Um dos objetivo era conseguir fazer o personagem sair de sua rotina diária.


A rotina do personagem consistia em acordar, desligar o despertador, colocar a roupa do serviço, passa pela sala/cozinha, desligar a televisão, conversar rapidamente com sua esposa (que prepara algo no fogão) e segue para a saída da sua casa. Mecanicamente, ele entra no elevador, onde conversa com uma senhora. Pega o carro, fica no trânsito, passa por um árvore que perde a sua última folha. Chega no local de trabalho onde precisa ouvir um sermão do chefe pelo atraso. Por fim, ele vai em direção ao seu cubículo (seu espaço de trabalhar, idêntico a vários outros). Essa era a sua rotina diária.


Eu, querendo mudar a vida desse personagem, tentava fazer diferente. Às vezes não colocava uma roupa nele quando ele acordava, outras não desligava a TV quando ele passava por ela. Ao invés de sair para o lado, direito onde estava o carro, eu ia para o lado contrário. Meu desejo era dar uma esperança e uma outra forma de vida ao personagem do jogo. Uma vida sem responsabilidades. Mas ao caminhar para o outro lado, encontro um homem, meio diferente, que me levava para um cemitério. Após chegar no cemitério, o jogo voltava para a mesma cena: o homem em pé, de cueca, cabisbaixo e de frente para o seu despertador...


Fiquei intrigada! Eu havia sido ousada com o personagem, tentei mudar pelo menos um dia em sua vida para mostrar uma outra realidade, uma vida além do trabalho e do mecanismo.

Depois de inúteis tentativas de fugir da rotina, decidi ir para o serviço. Mas ir ao serviço sem roupa. Quando eu cheguei no carro me deparei com o trânsito. Sai e fui andando sem direção, tentando ver se encontrava algo além da mesmice. Acabei me deparando com uma vaca dócil da qual me aproximei, fazendo uma conexão e um carinho. Fiquei refletindo sobre a liberdade daquela vaca, ali no pasto, sem se preocupar com as responsabilidades... só pastando. Queria que aquele personagem, pelo menos um dia, pudesse ter o sossego e tranquilidade da vaca.


Após essa reflexão, entrei no carro e fui em direção ao serviço. Ao chegar me deparei com o chefe e fui mandado de volta para casa pois estava sem o uniforme. Novamente o jogo voltou ao início. Novamente o personagem estava em pé, de cueca, cabisbaixo e de frente para o seu despertador.


Eu já não sabia o que fazer, pois tudo que tentava o levava para o mesmo ponto de partida, de uma vida monótona, uma vida sem vida.


Por fim, resolvi fazer tudo o que foi orientado, mas ao parar o carro e ver a árvore com sua última folhar, deixei-o parado e observando ela cair. Aquela última folhar não aguentou os ventos e caiu. Cheguei no escritório, ignorei o chefe, ignorei todos do escritório que estava robotizados assim como eu e fui em direção à saída de emergência. Eu queria sair de lá, queria correr daquela vida sem cor, sem sentido, sem alergia... queria corre. E assim o fiz. Fui em direção à saída de emergência e me deparei com a sacada, coloquei a pasta no chão, subi na grade e eu cai como a folha da arvore havia caído. Não conseguiria viver. Havia tentado de todas as formas sair da vida mecanizada, queria ser livre, queria poder decidir o meu dia mas sabia desde o primeiro dia quando encontrei aquele o homem, do lado oposto do meu trabalho, que me levou para o cemitério, que só na morte encontraria a liberdade. Voei, fui livre, senti o vento no meu rosto. A partir daquele momento não seria mais uma máquina do mundo capitalista, eu seria livre!


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