Recordações nas nuvens
Em meio a tanto lixo eletrônico
Completamente inútil e perdido nas nuvens
De repente encontrei aqueles vídeos seus.
Você tocando seu violão
Cantando Cássia Eller pois sabia que eu gostava
Enquanto o vento balançava as cortinas
E o som tocava as paredes, tudo muito branco.
Enquanto isso, estava eu ali,
Apreciando aquela nostalgia
Oriunda da cama que, por muitas vezes,
Foi palco do nosso romance escondido.
Só nós dois sabemos o que fizemos
Quantas noites veranis
E quantos beijos calorosos
Trocamos nós naqueles lençóis.
E tudo agora mudou, nem mais mora no apartamento
E nem eu moro com meus pais
Mas uma coisa que persiste em não mudar
É meu único arrependimento daqueles momentos:
Nunca ter dado um beijo verdadeiramente de despedida.
E é tão estranho pensar,
Tínhamos intimidade para tomar banho junto
Mas nas partidas sempre as concluímos
Numa insistente tentativa de fingir ser tudo somente amizade.
Hoje, seu nome ecoa como uma lembrança
Na vastidão de minha mente.
Porém, se te conforta,
És tu, na minha memória,
Uma das recordações mais saudosas.

Pintura A noite estrelada, de Vincent Van Gogh.